Aviação comercial poderia reduzir em 20% o impacto ambiental em cinco anos

Aviação comercial poderia reduzir em 20% o impacto ambiental em cinco anos

As conclusões do estudo “Aviation industry could cut climate impact by 20% in five years” poderão impulsionar a aviação comercial a reduzir drasticamente o seu impacto ambiental com apenas alterações mínimas no equipamento e nas infra-estruturas aeronáuticas.

Um artigo científico da Universidade de Bristol, publicado na revista Air Traffic Management e na Aerospace, sugere que a modificação dos procedimentos de controlo do tráfego aéreo e das operações aeronáuticas poderia reduzir o impacto sobre o clima das companhias aéreas em cerca de 20% nos próximos cinco a dez anos.

O autor principal do artigo, Kieran Tait, que efectuou a revisão da literatura científica mais recente sobre emissões de gases com efeito de estufa na aviação, afirmou: "As emissões das aeronaves são responsáveis por mais de dois terços do impacto climático na aviação, mas devido ao enfoque direccionado para a descarbonização na formulação de medidas políticas a nível mundial - que se mostram essenciais para atingir as metas de zero emissões de CO2 – constata-se, no entanto, que a mitigação destas emissões são frequentemente negligenciadas".

"Alterações de rotas de voo por rotas optimizadas, para evitar regiões ambientalmente mais sensíveis, assim como voos em fila ou em formação em que duas aeronaves voam uma atrás da outra (separadas por ~2km) poderiam ser a chave para reduzir drasticamente o impacto climático do transporte aéreo", de acordo com o estudo.

São dois os principais contributos para que a aviação não tenha impacto climático de CO2 - rastos de condensação de aeronaves (contrails – Um rasto de água condensada provenientes de um avião ou foguetão a grande altitude, visto como uma linha branca no céu; um rasto de vapor), um deles com emissão de óxidos de azoto (NOx). O efeito benéfico das emissões de não-CO2 depende fortemente do estado químico e meteorológico da atmosfera no instante em que são libertadas.

Os “contrails” são responsáveis por 51% do impacto climático total da aviação. Quando o ar é muito frio e húmido, o vapor de água nos” contrails” condensa-se à volta das partículas para formar cristais de gelo que prendem o calor e têm um efeito no aquecimento global. Analogamente, as emissões de NOx reagem com os demais produtos químicos na atmosfera para gerar ozono e reduzir o metano. Contudo, a geração de ozono tende a superar a redução do metano, dando origem a um efeito benéfico no aquecimento da atmosfera.

"Embora a optimização de rotas climáticas possa exigir voos mais longo, e portanto uma queima adicional de um a dois por cento de combustível, o evitar áreas ambientalmente sensíveis poderia de facto reduzir o impacto climático global de um voo em cerca de 20 por cento", refere o autor. " No voo em linha ou formação, a aeronave seguinte voa na esteira da aeronave líder, recebendo um fluxo de água que reduz a altitude necessária resultando deste procedimento uma redução de cinco a oito por cento na queima de combustível. Tem também o benefício adicional da sobreposição das nuvens de gases de escape das aeronaves, e da acumulação de emissões contidas nas mesmas", acrescenta.

"O passo seguinte prende-se com a análise de dados globais de tráfego aéreo para identificar pontos críticos do espaço aéreo com uma alta densidade de aeronaves (tais como ao longo dos corredores de voo), onde a implementação do conceito de voo em formação seria mais apropriada", afirmou o autor.

Este documento reúne dados sobre o impacto climático da aviação comercial e o autor reitera que, "deste modo, podemos fazer uma diferença real e significativa, neste preciso momento".

"A indústria da aviação comercial tem muito a ganhar se introduzirmos estas descobertas e fizermos as pequenas, mas cruciais mudanças no controlo do tráfego aéreo, e nas operações aeronáuticas susceptíveis de ter um impacto mais significativo", afirmou o Dr. Steve Bullock, Professor Associado de Engenharia Aeroespacial, que supervisionou a Investigação.

 

Fonte: Air Traffic Management (5th September 2022)

05 Setembro 2022